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Carta de despedida à SONU 2023

Por Felipe Goyanna e Guilherme Siqueira



Estamos sentados em uma cafeteria. É dezembro e chove, fora de época, em Fortaleza. Já faz, enquanto escrevemos, alguns meses desde que batemos o malhete que encerrou nosso ciclo como secretários-gerais da Simulação da Organização das Nações Unidas. Com o passar das semanas, começamos a nos acostumar com o encerramento de uma importante parte das nossas trajetórias e com uma vida "pós-SONU”. E no entanto, seja pela faculdade, fatiga ou incapacidade, ainda não escrevemos nossas despedidas. O que há de se dizer?


O programa de extensão SONU, apesar de muito inspirador, coloca uma pesada responsabilidade sobre os ombros daqueles que se dispõe a assumir a gestão do projeto.


Nesse sentido, 2023 foi, assim como os anos que seguiram o isolamento social, mais um momento-chave de reconstrução. Nosso trabalho, que foi herdado dos brilhantes secretários-gerais que nos antecederam, foi para devolver à SONU seu lugar de destaque entre os estudantes de Fortaleza, com todo o espetáculo que sabíamos que ela poderia voltar a ter.


Não foi fácil. Vivemos em um período em que a cultura de simulação do estado se perdeu nos difíceis anos de isolamento social e ensino remoto. Assim, o trabalho basilar da SONU tem sido de reintroduzir nossa proposta a um público totalmente novo. Por isso, até mesmo nosso Secretariado de 2023 têm trajetos tão atípicos para os padrões históricos da SONU.


Usamos nossas histórias como exemplo: Felipe, apesar de ter simulado poucas vezes no ensino médio, nunca teve a experiência de participar de uma SONU enquanto delegado. Guilherme, que chegou a ser participante da saudosa SONU XV, pouco viveu as simulações antes das restrições trazidas pela pandemia de Covid-19.


Como então conseguimos recriar, para outras pessoas, o que nós mesmos sequer vivemos?


De fato, só foi possível pela grande inspiração que nos veio nas pessoas de Tiago Farias Lobo e Thaís de Albuquerque Pimentel, secretários-gerais de 2022. Juntos com os nossos colegas de Secretariado que, durante a SONU XVIII, nos fizeram entender a razão de estudantes, há 19 anos, continuarem a nutrir e participar dos eventos da SONU. Saímos dessa grandiosa aventura com uma certeza: não seríamos nós aqueles a deixar a peteca cair.


Por isso, cabe o primeiro intervalo de agradecimento. A todos os que estiveram conosco na SONU XVIII e que, assim, criaram as condições que tivemos para alavancar o programa em 2023. Obrigado a Bárbara Marques, Letícia Ávila, César de Alencar, Júlia Fraga, Lucas Menezes, Grazielly Barroso e Lara Paiva. Esperamos ter honrado não somente o “legado” imaterial do projeto, mas as horas incontáveis que vocês dedicaram a ele em 2022.


Embora as opções de sucessão para o secretariado não fossem extensas, tampouco era claro quem iria assumir o compromisso da SONU XIX. A primeira vez que nós dois conversamos sobre o assunto, faltavam poucas semanas para a SONU XVIII, o número de inscrições estava muito aquém do esperado e começamos, intimamente, a imaginar o cancelamento completo da edição.


Encerrando um dia pouco frutífero de divulgação do evento pelo campus do Benfica da UFC, sentamos nós e Letícia Ávila, então secretária de comunicação, para discutir as possibilidades. Como nossas conversas são qualquer coisa que não sérias, o compromisso de nos candidatarmos juntos à liderança do projeto, naquele ponto, ainda era uma ideia agradável, mas remota.


Não sabíamos, em verdade, o quão definitiva era essa vontade até um momento curto após o encerramento da SONU XVIII. Muitos abraços foram trocados entre colegas secretários, editores, assessores e diretores, mas bastou um olhar cúmplice e um abraço fraterno para entendermos que iríamos, juntos, herdar o projeto.


Assumimos, então, com um objetivo claro: queremos não só fazer uma grande simulação, mas expandir a ideia da SONU como um programa que atua nos três pilares da universidade, que promove conversas para além de debates e que não é visto como um ambiente somente para alunos das elitizadas escolas particulares de Fortaleza.


Entre desejos antigos e novas metas, conseguimos reconstruir o site da SONU, desativado desde 2020, voltar a oferecer cotas sociais e começar a ofertar isenções completas, reativar o projeto SONU Solidário, voltar a ser destaque em grandes veículos de mídia cearense como o jornal O POVO, a TV Diário, TV Assembleia e muito mais.


Queríamos resgatar um orgulho e sentimento de pertencimento em nossos membros. Agora, podemos dizer objetivamente que conseguimos. Cada diretor, editor e assessor que dedicou seu trabalho para que o evento deste ano não somente acontecesse, mas fosse memorável, desfruta do nosso afeto. Para sempre, a SONU XIX vai ser algo que nós fizemos juntos.


Nosso secretariado, que nos aguentou por reuniões em excesso e muitas noites de farra e fardo, foi essencial para que a SONU XIX fique marcada como uma das mais significativas da história.


Não podemos, por isso, deixar de nomeá-los: Camile Martins, César de Alencar, Júlia Sombra, Kauanny Coutinho, Victor Stilita, Eduarda Pereira, Evellyn Gislene, Larissa Capistrano, Mariana Pimenta, Paulo Maciel, Eduardo Martins, Lara Pacheco, Luna Clara, Rafael Lustosa, Samuel Queiroz. Caso todas as vezes que nós dissemos não tenha sido o bastante, trabalhar com vocês foi nosso privilégio e, sem isso, não poderíamos ter alcançado metade das vitórias deste ano.


E, no entanto, apesar do trabalho incrível de todos os membros da nossa organização, foram diversos os momentos em que, em meio a grandes desafios, sentíamos que recaia sobre nós dois a função de segurar as “rédeas” com todas nossas forças, para garantir que nós continuávamos andando sempre em frente. Em contrapartida, percebemos hoje quão pouco nos preparamos para o momento em que teríamos que soltar essas mesmas rédeas.


Em verdade, não é fácil soltar, passando para frente algo que construímos com tanta obsessão e trabalhamos com tanto empenho para nutrir, até que finalmente pudéssemos ver crescer e se tornar o que está se tornando. Nesse momento, é o olhar para os 19 anos de história da SONU, e para todos os grandes nomes que passaram pela gestão desse programa, que nos ensina uma das mais valiosas lições: a SONU nunca foi nossa.


De fato, a SONU pertence a todas as gerações de estudantes que tiveram as suas vidas impactadas por ela e a todas as gerações que ainda estão por vir. Nesse sentido, nos conforta saber que deixamos o nosso querido programa em boas mãos, de pessoas muito competentes, que possuem todas as condições de irem ainda mais longe do que nós jamais pensamos em ir.


Assim, três horas depois de começar a escrever, encontramos uma tarde atipicamente nublada em Fortaleza. Encerramos esta carta desejando todo o sucesso para todas as incontáveis edições da SONU que ainda estão por vir.


Eis o nosso último compromisso e última entrega com a Simulação da Organização das Nações Unidas. Com um sentimento de trabalho concluído, encerramos por definitivo as atividades da SONU XIX.


Com carinho, sempre,


Felipe Goyanna e Guilherme Siqueira

Secretários-gerais da XIX Simulação da Organização das Nações Unidas - Edição 2023




Felipe Pinheiro Goyanna e Guilherme Siqueira Evangelista são estudantes de direito e jornalismo, respectivametente, na Universidade Federal do Ceará. Foram diretores da SONU em 2021, secretários acadêmicos em 2022 e em 2023 tornaram-se secretários-gerais. Atualmente, são conselheiros do projeto, apoiando o secretariado em exercício.


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