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Carta de despedida à SONU 2025

Abertura da SONU Beta XIV
Abertura da SONU Beta XIV

É estranho pensar que esta é uma carta de despedida. Não porque o adeus não fosse esperado, mas porque nada nos prepara para o momento em que ele realmente chega. Como colocar, o que jamais caberia em uma carta de quantidade limitada de caracteres, a experiência de duas pessoas que dedicaram três anos de suas vidas a algo maior que elas mesmas? Aqui estamos, juntas, na mesma mesa, na mesma cafeteria superfaturada onde nos reunimos pela primeira vez para debater os próximos passos e os planos para o futuro, escrevendo o capítulo final da nossa história.


Mas, antes de falar do fim, precisamos voltar ao começo. A paixão pelo programa surgiu em contextos e lugares diferentes: para Clara, começou em uma apresentação institucional na semana zero do curso de Direito; para Ana Luiza, nasceu em uma roda de conversa entre amigos do curso de Economia sobre um projeto de simulação da ONU. Caminhos distintos que, ainda assim, acabaram se cruzando em 2023, quando nos tornamos diretoras. É até estranho imaginar, mas, essa amizade que hoje parece antiga demorou para florescer. Como diretoras, tínhamos grupos diferentes e conversávamos pouco. Até que, em um sábado qualquer, fomos à faculdade de Direito e descobrimos que não haveria treinamento. Precisaríamos assistir a um debate aleatório. Acabamos sentadas lado a lado no anfiteatro da FADIR, e, a partir dali, uma dupla inseparável nasceu.


Enfim, o tempo passou e com o fim da gestão de 2023, vieram as dúvidas, será que deveríamos continuar? No fundo, já sabíamos a resposta. Algo dentro de nós gritava que ainda não era hora de parar. Queríamos viver tudo de novo, mas de um jeito ainda mais intenso, mais nosso. Assim, assumir a responsabilidade como secretárias acadêmicas foi um passo natural. A dupla que nasceu por acaso, agora assumia um novo papel: cuidar de um dos braços mais especiais da SONU, a SONU Escolas. Durante o ano de 2024, tivemos o privilégio de concretizar sonhos antigos, cultivados desde os tempos de diretoras e, olhando para trás, é impossível não sentir orgulho. Orgulho de cada desafio superado, de cada conquista compartilhada e, também da edição de 2024, que foi mais do que um evento, foi a prova viva de que sonhar grande vale a pena.


Curiosamente, quando se faz parte da SONU, o tempo parece correr mais depressa. Num piscar de olhos, já estávamos encerrando o segundo ano na organização, com a sensação de dever cumprido. Eventos bem-sucedidos, comitês lotados, metas alcançadas. Tudo indicava que o ciclo havia se fechado, mas algo dentro de nós ainda pulsava forte. E se nós déssemos mais uma chance? Depois de muitas conversas, idealizações e listas de prós e contras, batemos o martelo e nos aventuraríamos na mais bonita e intensa experiência de nossas vidas acadêmicas: ser secretárias-gerais da SONU 2025, mais especificamente de sua vigésima primeira edição.


Assumir tal responsabilidade já é, por si só, um grande desafio. Há o peso daqueles que vieram antes, a expectativa de fazer um trabalho tão bom quanto o deles, e o peso do futuro, de deixar nossa marca na história e criar um ambiente ainda melhor para quem virá depois. Estar em uma posição como essa naturalmente coloca os responsáveis sob os holofotes, e sobre nós a luz parecia ainda mais intensa, especialmente por sermos a primeira dupla de mulheres ocupando essa posição em alguns anos, os sussurros sobre a nossa capacidade em gerir o projeto, nunca foram silenciosos ou baixos. Em um mundo onde as mulheres ainda são, na maioria das vezes, subestimadas como figuras de autoridade, sabíamos que muitos desafios estariam à nossa frente.


No entanto, agora, nessa vida “pós-sonu”, olhamos com carinho para o ano de 2025, e podemos dizer que todos esses murmúrios não passavam de pequenas pedras no caminho, incapazes de nos desviar do verdadeiro objetivo: entregar eventos inesquecíveis e especiais para cada participante. Neste breve parágrafo, merece destaque a SONU Beta XIV e a SONU XXI, que foram os eventos com maior número de participantes desde a pandemia. A Beta XIV, com cinco comitês de 25 vagas, teve sua capacidade total atingida e o mesmo ocorreu com a XXI, que ampliou seu público e se consolidou no coração daqueles que já faziam parte da SONU. Além disso, graças a equipe de comunicação, 2025 foi um ano de grande visibilidade, concedemos entrevistas à TV Assembleia e à Rádio Jovem Pan, e tivemos ampla divulgação em jornais e blogs locais.


O sucesso do evento nunca foi só nosso. Ele carrega o brilho de uma equipe extraordinária, que trabalhou com paixão, entrega e amor em cada passo desse caminho. Tivemos a sorte de dividir o sonho com pessoas que transformaram trabalho em afeto e dedicação em resultado. Dito isso, nosso primeiro agradecimento vai para a organização da SONU; assessores, diretores e editores que fizeram dessa experiência algo verdadeiramente grandioso. Cada esforço, reunião e cada sábado de treinamento foi essencial para que tudo acontecesse da melhor forma possível. E, claro, não poderíamos deixar de agradecer à verdadeira essência de tudo o que o projeto representa: os participantes. São eles que dão sentido a cada esforço, que nos lembram todos os dias por que vale a pena sonhar tão alto. São eles que mantêm esse projeto vivo, pulsando, crescendo e se reinventando. É por causa deles que essa engrenagem chamada SONU continua girando, sempre em movimento, sempre em evolução, sempre acreditando no poder que tem de transformar vidas.


Além disso, precisamos agradecer ao nosso queridíssimo secretariado de 2025, vocês foram parte essencial dessa jornada. A SONU 2025 foi intensa, bonita e verdadeira porque teve o toque, o empenho e o coração de cada um de vocês. Entre reuniões longas e decisões difíceis, vocês mostraram que maturidade não é ausência de erro, mas a forma de reagir a eles. Ademais, é de extrema importância agradecer a um grande amigo, que nos auxiliou ao longo desses anos, Victor Stilita, ele que sempre se fez presente para nos ajudar. Assim, a todos vocês que se dispuseram a sonhar juntos, enfrentar os desafios, lidar com os imprevistos e, mesmo assim, continuar acreditando, nosso mais sincero agradecimento. 


Você, caro leitor, que chegou até aqui, talvez se pergunte o que faz esse projeto ser tão especial. Por que, no encerramento, os participantes passam horas ouvindo pessoas que, muitas vezes, nem conhecem, falando sobre o quanto a SONU transformou suas vidas? É difícil entender de fora daquela salinha com o cartaz “Secretariado” o motivo de tanto carinho por um “simples projeto de extensão”. Mas é justamente isso que tentamos explicar até agora, a SONU é muito mais do que um projeto. Ela é uma família, formada por pessoas diferentes, mas unidas por um mesmo propósito: o de construir algo maior do que nós mesmos.

É neste lugar, entre os sábados dedicados à organização e os dias intensos de evento, encontramos um lugar onde é possível discutir temas sérios, como o julgamento dos líderes de Israel e Palestina ou o uso de armas nucleares, e, com a mesma paixão, debater se Jeremiah Fisher realmente merece uma segunda chance. É um espaço em que voltamos no tempo para participar do gabinete de Costa e Silva, decidir o impeachment de um presidente, caçar um dos maiores traficantes do mundo ou, ainda, estar nos bastidores, garantindo que cada informação circule entre os comitês. É ali, no meio de tudo isso, que percebemos que a SONU vai muito além de uma simples simulação. Ela é o lugar onde deixamos um pedaço de quem somos e de onde levamos muito mais do que jamais imaginamos encontrar.


Chegando ao fim desta carta, talvez seja mesmo verdade o que dizem, que despedidas são inevitáveis. O curioso é que ninguém avisa o quanto elas podem ser bonitas. Talvez alguns chamem isso de apego, outros de drama, mas nós chamamos de amor. Amor pelo que fizemos, por quem nos acompanhou e até por quem duvidou, afinal, nada é mais divertido do que provar, com resultados, aquilo que palavras nunca dariam conta de explicar.


Aos que continuam, desejamos coragem. De verdade. Vai ser lindo, mas também vai ser difícil. Vocês vão perceber que o brilho dos eventos é só a pontinha de um iceberg, e que o verdadeiro desafio mora nas entrelinhas, nas reuniões longas, nas decisões que ninguém quer tomar e nas pessoas que acham que sabem tudo. Mas, respirem fundo, mantenham a calma e lembrem-se: a SONU sempre vale a pena, mesmo quando parece que não. Além disso, para vocês que estarão aqui no próximo ano, deixamos um pedido sincero: cuidem bem desse lugar. A SONU carrega não só o nosso coração, mas o de todos que já passaram por aqui, cada história, cada sonho e cada pedacinho de nós permanece vivo neste projeto. Que ela continue sendo esse espaço onde as pessoas se encontram, se descobrem e se transformam. E que, mesmo quando nós não estivermos mais aqui, siga sendo esse farol que brilha e guia tantos outros caminhos, iluminando novas trajetórias com o mesmo amor que um dia nos trouxe até aqui. E se alguém ainda duvidar do porquê de tanto carinho, talvez precise viver o mesmo que a gente viveu. Aí sim, vai entender.


Eis o nosso último compromisso, nossa última entrega à Simulação da Organização das Nações Unidas. Encerramos este ciclo com o coração leve e o sentimento de dever cumprido. Foram meses intensos, cheios de desafios, aprendizados e risadas que ficarão guardadas pra sempre. 


E se um dia alguém perguntar o que foi a SONU pra nós, que a resposta venha simples: foi tudo.


Com carinho, sempre,


Clara Said e Ana Luiza Belmino

Secretárias-gerais da XXI Simulação da Organização das Nações Unidas - Edição 2025



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Clara Said e Ana Luiza Belmino, estudantes de direito e economia, respectivamente, na Universidade de Fortaleza e na Universidade Federal do Ceará. Foram diretoras da SONU em 2023, Secretárias Acadêmicas e de SONU Escolas em 2024 e tornaram-se as últimas secretárias gerais mais velhas do que o projeto em 2025. Atualmente são conselheiras do projeto auxiliando o secretariado em exercício.

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