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As ruas vermelhas de Bagdá: entre a violenta repressão e a busca por uma vida melhor

Por Karen Trompieri


Soldado Iraquiano de costas e em plano de fundo mulheres e crianças o olhando com suspeita

Mesmo após 14 anos do enforcamento de Saddam Hussein, heranças de seu governo ditatorial ainda persistem no Iraque. Como o distanciamento do mundo não árabe, a repressão violenta do Estado a protestos e o distanciamento da polícia e da esfera judiciária com a população. Só neste ano, foram reportadas várias mortes, sequestros e ataques, muitos casos não registrados pelas autoridades, especialmente se envolverem minorias religiosas e mulheres.


A pouca cobertura jornalística de eventos importantes e manifestações populares apenas facilita a acobertar crimes e alienar a população iraquiana. Aliado a isso, o Estado dificulta o acesso aos noticiários e o acontecimento de eventos ao redor do mundo, o que distancia o povo da realidade.


Nestes momentos de repressão, violência e instabilidade na economia e política internas, grupos cada vez maiores de protestos se formam, principalmente nas ruas da capital Bagdá. O objetivo é exigir direitos, um governo mais democrático, melhores serviços públicos e o fim da omissão do Estado nos casos de violência policial. A situação atual torna-se ainda mais assustadora ao se observar as estatísticas: de acordo com o jornalista iraquiano Ghaith Abdul-Ahad, no ano passado, “a resposta do governo iraquiano ao movimento popular foi violenta e brutal”. Segundo ele, em quatro meses, as forças de segurança mataram 669 civis e feriram mais de 25.000, com cerca de 2.800 são relatados como tendo sido detidos.


Jovens e crianças também estão inseridos nestes conflitos. A bonita e a inspiradora visão de ter uma nova geração tão interessada na política e ativa nas manifestações, entretanto, não deve nos distrair de um fato fundamental. Essa luta é por uma necessidade de sobrevivência, e, a partir dela, novas vidas são feridas ou tiradas.


Vale ressaltar que os conflitos não são apenas internos. Em janeiro de 2020, os Estados Unidos organizaram um ataque aéreo direcionado ao aeroporto de Bagdá, que matou o general iraniano Qasem Soleimani quando ele saia do local acompanhado com uma milícia iraquiana aliada. O ataque ocorreu poucos dias após manifestantes invadirem a embaixada dos EUA em Bagdá. De acordo com os EUA, Soleimani teria aprovado a invasão. Sua morte tencionou mais ainda a situação já instável entre Teerã e Washington, sendo o solo iraquiano o palco do conflito. O Irã lançou ao menos 12 mísseis em direção às bases iraquianas que hospedam tropas americanas como forma de retaliação pelo assassinato do general Soleimani.


Felizmente, apesar de reprimida, a luta popular vem ganhando força e a situação do país está cada vez mais sendo reconhecida, mesmo que ainda pouco, ao redor do mundo por meio da internet, de artigos, de livros e de jornais.


A Organização das Nações Unidas, por sua vez, opera no Iraque desde 1955 e aumentou sua presença no país desde 2007, com a ação de programas como o UNAMI (Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque), que aconselha e assiste tanto o povo como o governo iraquiano incentivando as discussões políticas e a reconciliação nacional. Além disso, a organização também auxilia na organização durante os processos eleitorais, promove a proteção dos Direitos Humanos no país e a comunicação pacífica com os países vizinhos.


Referências


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